Nuvens no Deserto
Dunas de areia branca
Se estendem no horizonte
O ar seco dominante
Faz a garganta coçar
Os olhos lacrimejam
O calor é muito intenso
O último cantil com água
Pela metade já está
Pés cansados
Vão seguindo
Mecanicamente
Numa trilha
Passam camelos
Passam andarilhos
Levando suas tendas nas costas
Para fazer suas orações
Falam uma língua rebuscada
Não entendo uma palavra
E às vezes, dão uns gritos
Que me deixam sobressaltada
Adiante
Um pouco mais
A roupa pesa cheia de areia
Na ansiedade de estar chegando
O coração já incendeia
Vejo o topo do alvo palácio
Que surge no céu ali na frente
Mais parece um chapeuzinho
Do que um telhado
Propriamente
E mais uns metros
Alcançados
Vejo agora a construção
Muito bela e imponente
Chega a ofuscar um pouco
A visão
Pavões brancos
Dão boas vindas
Vem chegando o anfitrião
Traz com ele uma grande jarra
Cheia de gelado suco de limão
Bebo tudo num só gole
Que delícia refrescante!
Me percebo observada
Pelo senhor de ar bondoso
Que ali veio receber-me
Seu sorriso é algo tão puro
Sua postura da mais alta elegância
Enfim, vamos para dentro
Como são frescos o ar e o chão!
Tudo ali é cintilante
Mais parece uma ilusão
Ouço agora a melodia
Que inunda o ambiente
É o som mais lindo de cítara
Junto a um batuque muito atraente
No ar, uma névoa perolada
De brilho multicolorido
Sobre a mesa um vasto banquete
Tudo ali exala magia
E eis, que uma voz
Bonita de homem
Fala bem no meu ouvido
"Esperava me encontrar?"