QUANDO UMA MULHER AMA

DESOLADA

ELA PERGUNTA: por que demora e não esqueço

meu primeiro amor que foi levado pelo vento?

CANSADA

ELA CHORA: chego ao trono da insensatez desfeito

sozinha com a dor de ser nesta vida passageira.

SOLITÁRIA

ELA PENSA: um de nós espelha a humanidade inteira

somos fagulha, rastro na órbita do solidão

cada um é centelha que brilha um instante.

O tempo habita os corações, é como a traça.

O tempo constrói sua casa perfurando tecidos

deixa marcas, abre passagens.

Para a traça a ruína é morada,

para o coração cansado o tempo não passa.

(Os pensamentos dela sangram,

têm ritmo, têm pulso

e duram no tempo mesmo se dorme;

Os pensamentos dela

são estrias abertas na epiderme dum oceano,

fagulha centelha na órbita do engano)

INQUIETA

ELA CONCLUI: se o amor é dor profunda na carne,

a marca não some;

se o amor é evento distante, a dor não se mostra;

mas se aquele amor habita companheiro

o pensamento

é para a vida inteira ferida viva que dói,

mata e não sangra

Baltazar

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 03/04/2017
Código do texto: T5960246
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