Perfume

O frasco estala-se, quebra-se,

e o perfume derrama-se no lençol em nossa queda na seda, na sede...

Nasce ''d'água'' quente de tua boca o que aquece-me a alma n'uma iniciação

Da ''virgindade'':

Sou latina, tenho sangue quente, fervente... Sente?

Ele não mente!

Tente.

Desde que te vi, para um solo quase infértil, guardei a semente

Com sentidos aguçados,

coração desvairado, jeito meio de mato, desarrumado, depravado e delicado; assim sou se te imagino ao meu lado

Nas costas cravam-se unhas,

saudades, beleza e macies;

no abraçar,

Suavidade no louco querer de saciar

o que se está a esperar

Reciprocidade:

Em passos lentos a leitura das pupilas tece os beijos e não disfarça o meu espírito ao teu atado em novelos brancos

No momento fantástico onde

fendas se abrem e rochas se quebram, abrem-se passagens pro norte e pro sul; céu para o céu

Peles aveludadas suam

N'uma febre antiga,

Gozo e empoderamento de momentos; vibrações e arrebatamentos,

quase uma dor que dói um prazer sublime que reflete no outro

Nas horas em que o sol se deita, levantam-se pombos na revoada e tudo é paz parecendo presente às mãos audaz

Quatro mãos

Ousam efeitos mil

A arte nos dedos que deslizam

nas cordas da rede pelas minhas

e tuas paredes...

No calor, a sede que ressuscita

Os sussurros cara a cara

nos acomete às loucuras

E o gosto de mel nos faz calar

Ambos desenhados em seus estados, nos seus tantos de encantos

No teu peito descanso do desejo saciado.

E acordo morrendo de luz ao teu lado.

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 04/04/2017
Reeditado em 04/04/2017
Código do texto: T5961638
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.