Procura-se o amor

Procurei por você

Em tantas pessoas

Não o encontrei em nenhuma

Quando vivo fez-se um sonho

que se desmanchou em bruma

Consinta, amor que eu te siga

Pelo menos que te acene do porto

O barqueiro que leva as almas

Se negou a levar um corpo

Volta, amor

Conceba-me morta e renascida

Permita-me em largas solturas

Saborear do fruto colhido da terra crua

E ruminar os lamentos

De pressentidas agruras.

Suaviza a caminhada

Dessa espera embalada

Em projeções futuras

“Antes morta e ser só sua”

Desculpa, amor

Não há outra maneira

Que não ser o outro

Ser do outro e me partir em duas

Pra voltar na noite e ser lua

Refletida em águas turvas

Inteira ou fragmentada numa rua em curvas.

Proporcione-me essa ventura

De sentir-me novamente

um pássaro nas alturas

Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 11/04/2017
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