VIOLÃO ABANDONADO
Finalmente alguém me vê
Sinto que poderás escutar
As mágoas de não ter mais
As mãos que me faziam vibrar
Sou simples decoração
Na parede tosca da sala
Como qualquer violão
Ai quem me dera voltar
Ao passado dos sonhos e ilusão
Das pueris cantigas de ninar
Dos fandangos aos tangos da paixão
Com meu fiel companheiro
De maviosa voz e pureza no tocar
Vida intensa na ausência do dinheiro
Sabiamente desfrutada para amar
Boêmio, nao foi o álcool ou fumo
Que o levou para o além
Foi paixão desenfreada sem rumo
À margem do mal e do bem
Do amor não correspondido
A fatídica desilusão logo vem
Atingindo o coração combalido
Assim fico esperando
Que alguém daqui me tire
Não sou objeto amorfo
Tenho alma e sentimento
Não desejo ser estorvo
Preciso de companheiro amigo
Que compreenda meu lamento
Ah! meu caro, entendo o teu apelo
Tenho por ti o maior apreço
Teus acordes bem tocados
Sensibilizam todo amante
Os sucedidos ou infortunados
Mas sou de pouco predicado
Não toco não sei cantar
Choro, por no peito
Não poder te aconchegar