PASSOU

Você passou... Como passa o vento e passa o tempo!

Fiz-te um altar em sublime altura e me pus a cultuar-te!

Pouco me valia a razão... Mantinha-te sem raciocínio para amar-te!

Via-te ao longe num vôo que não me direcionava e afastada pelo vento!

Mas o sonho esboçado e desenhado na areia era sempre refeito.

E meu descuidado e desalentado devaneio não me via com respeito.

E a flor que nem nascia eu via viçosa no jarro da imaginação,

Como um ápice de um pungente arranha-céu em final de construção!

Mas ainda que aparentemente tarde, deixei que a onda do mar...

Apagasse o formoso sonho que meu descuido desenhara em areia...

Pois doravante não mais cultivaria amor que o vento semeia

Na minha solidão pródiga de imaginação, para a ilusão desenhar!