POESIA ARTIFICIAL

A poesia artificial

substituirá a matrix humana da construção poética,

os versos terão vertigens cibernéticas,

(muito além de Nietzsche, do bem e do mal),

falarão dos sentimentais robot's

discursando sobre ética

e o amor sideral...

A carne da poesia será substituída

pelo massa atômica de nível cem,

não que isso substitua a vida,

que torne o poeta um ninguém...

O leitor, ótico,

será um ser exótico

a habitar livrarias sensoriais,

de coração em punho,

a traçar, com seu periscópio,

os mares lunares em junho...

Restará ao poeta da grama, da alface,

escrever poemas vertidos em água

pelos tradutores de antigas mágoas,

poucos, é claro, quase nada nasce...

Estudado o exoesqueleto da poesia,

seus meandros, vielas celulares, labirintos,

no centro do universo o poeta que fia

tecerá outros sentimentos, outros sinto...