Labirinto

Sou arquitecto

do meu próprio

labirinto.

Desenho caminhos

traçados por um querer

orquestrado no desejo.

Em palavras que

reinvento apenas

para complicar os

caminhos do meu

labirinto.

Seduzo, (en)canto, engano

com a mestria de

um vagabundo sem vergonha,

sorrindo a um olhar,

sonhando a um passar,

mendigando uma noite de luxúria,

estendendo a mão à esmola

de um corpo que se me entrega,

vomitando frases

consistentes, convincentes.

Existência suicida

tecida nas teias das

mil relações inconcebíveis.

Ardentemente desejadas!

Posteriormente amaldiçoadas!

Maldito o verme que

me consome as defesas

do desejo!

Malditas as palavras

que me saem em borbotões

de conquistador letrado!

Maldito o labirinto que

conscientemente

construo para me perder.