A manhã chega ao poema,
   beija a face suavemente como uma brisa recém chegada
   Toma as mãos tranquilas dormindo ao silêncio,
   abre os lírios interiores, escala a intimidade
  
   E o sol chega ao poema, arfando,
   
com os olhos cheios de candeias
   Tece as ramagens do sangue, alteia o coração
   As mãos escorrem em ardor ou o ardor lavra às mãos
   
  
   [ Agora o poema estremece-me, faz-me terçã e abstrata ]
 
   À mesa, os utensílios flutuam : a toalha, a xícara, o bule, as facas
   A chaleira ferve à chama, trinca a harmonia e a boca emudece,
   mas
 são os meus pulsos que dilatam !
   

   Ah... São todos loucos os objetos !
   Insanos ardendo em seus agudos lugares !
 
   E eu sorrio e penso nas coisas
   e nelas sendo outras
   E são sempre as mesmas :
   São sempre essas coisas caiadas de nós
 
   E o poema cresce, invencível,
   abraçando tudo
   O poema queima os espaços do mundo.





 



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DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 11/05/2017
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