Ei de, então, fazer-te versos

)(para A Morena de Jericoacoara

Sharik Letak

Clama a alma, clama o peito, clama o céu,
Quer saltar endoidecida a paixão!
É engasgo, é magia, inspiração
Que quer desvirginar este papel!

Hei de, então, fazer-te versos em cascata
Em cachoeira de águas coloridas,
Que lavem minh’alma e, também a tua,
Emoldurada em renda, ou talvez já nua
Em um sonho real ou ilusão perdida!

Venha do mar a brisa e da lua um beijo
Que acenda em nós doce desejo
De enlaçar nossa alma num abraço imenso!
O corpo querer não é bastante;
Queira, também, nossa alma o triunfante
Amor, que para nós e Deus seja incenso!

Voe sobre o mar gaivota ousada
Em dia claro, ou noite enluarada
Buscado o companheiro na amplidão,
E os dois com seus bicos molhados
Ensinem-nos beijar, enamorados,
No ar, na água, ou no chão!

No chão, na areia, ou na cama
Cresça o amor sob o bailar da chama
E venha lá do céu doce queixume
De alguém que sinta algo que perdeu.
Voz de querubim que, em vão, reclama
Talvez de pejo ou divinal ciúme
De algo que negou-lhe o bom Deus.

Manhuaçu(MG), 19 de maio de 2017, 15:06.