Carta dos perdedores (O Amor e o Destino)
Em sua fronte eu vejo o mapa para a felicidade
Que todos procuram, incansáveis como loucos
Num céu estrelado de olhos, os meus encontram os seus com facilidade
Em sua boca obtive a centelha de amor, que tenho certeza, vem para poucos
Ao redor do seu corpo, sentindo seu cheiro
Eu construo, tijolo a tijolo, um mundo só nosso
E quando estou nele só tenho suvenires de uma realidade nua e crua
Nesses dias escuros, eu tenho uma luz para iluminar meus passos pela rua.
Meu sistema indestrutível caiu
Meu escudo de aço foi destroçado
Um sorriso, um beijo uma canção
Larguei minhas armas, meus medos e meus anseios, estou derrotado.
Estou de joelhos enquanto você me olha
Foi nessa hora que descobri o significado da palavra vulnerabilidade
Por um momento o chão pareceu feito de areia movediça e eu afundava em pensamentos vagos e sem cor
Você segurou a gola da minha camisa em tom de autoridade, me levantou e através dos seus olhos me desmantelou
Nessa hora descobri o que significava a palavra cumplicidade, e alguma noção de algo próximo do amor.
Falou-me algumas coisas sobre paixão, filmes, frio e cobertor
Mas eu estava perdido demais naqueles olhos azuis para assimilar palavras ditas ao pé do ouvido
Olhos estes que alvejaram os meus com milhares de declarações, naquele instante era insignificante o significado da palavra tempo
Beijei-lhe os lábios de tal maneira que soou como uma frase: “seu lugar é comigo”
O mundo se resumiu a nós dois, e o frio depressivo do inverno se tornou um verão quente com belas melodias compostas pelo vento.
Obtive reciprocidade e minha frase em forma de beijo ganhou uma resposta: “não vou a lugar nenhum”
E hoje quando a vejo andar, não enxergo uma mulher, um corpo ou algo físico
Vejo parte de minha alma, minha paz, algo quase divino
Tentei fugir, me esconder, até me enganei, mas ninguém escapa do amor e muito menos do destino
Quando uma lagrima escapa pelos olhos, e desenha na sua pele branca
Meu corpo treme, o céu fica cinza o ar mais pesado e o mundo sem ardor
Vou aos confins do mundo, mesmo aterrorizado por essa escuridão fria de cravos escravos da dor
E do ponto onde um feixe de luz amordaça a penumbra, de lá eu lhe trago uma flor.