AUSÊNCIA

Não consigo, não consigo falar uma palavra breve se quer. Minha boca nem ao menos se da o direito de balbuciar, ela está lenta para dar pelo menos um suspiro. O coração segue com um batimento diferente, não é um batimento acelerado, é um batimento lento, quase morto, sei que ele esforça-se querendo desprender-se dessa angustia que a segura.

Eu a amo. Sei disso, Sou medroso, sou choroso. Por ai todos sonham no momento, até mesmo vivem um sonho, e eu aqui, não consigo falar pelo menos um ah de aperto forte, que em meu peito acontece sem me avisar segundos antes. Faz um bom tempo que não encosto em minha fortaleza, fortaleza imensa, me deixo entregar a essa fortaleza, é saudade mesmo...

Um pouco tanto o que sinto é mais que uma saudade. Meu não mover e meu silêncio estão cientes disso, na verdade, atraindo-me a sinceridade é um medo, não vos sei dizer que medo, apenas é um medo. De perdê-la? Isso sempre tenho. Já a cravei no exposto e nas brechas do meu peito, até alcançou meu coração esses riscos do teu nome e da tua vida em mim.

Os olhos estão cansados, assumo que estão cansados, no entanto, é a espera de vê-la chegar. Sei que por essa hora tarde da noite, não é hora de chegar, espero como um porto espera o barco. Faz dias que esse barco foi e não voltou ao cais. Não consigo, não consigo entender a ausência sem explicação, talvez a ausência seja isso, vai-se e não nos da uma explicação.