De repente

De repente a poesia trespassou o verso

A carne dissolveu-se sob a alma

De repente o brilho da lágrima era do riso

E o gemido do pranto era do orgasmo

De repente o sozinho era conjunto

E a mão gelada tornou-se um abraço quente

De repente a distância era o estar junto

E a saudade uma página virada

De repente quando vi era completo

E antes de você não era nada.

De repente te vi e fiquei cego

Ouvi tua doce voz e fiquei surdo

Falei à tua imagem e fiquei mudo

De andar ao teu lado perdi o rumo

De repente dei-te tudo que guardara

E dentro de mim não deixei nada

Só vontade de te ter e te amar

E se quiser de volta me entregar

Não aceito e digo que é teu

Pois no meu coração apenas guardo

O amor que a ti sempre pertenceu.