VELHAS QUIMERAS
quem me dera, oh Deus,
fosse eu
apenas sua sombra,
sombra de seu corpo,
dos seus passos pela casa,
pássaro sem asa
flutuando pelos cômodos!
quem me dera, oh Deus,
fosse eu,
sua alegria, seu sol,
entre panos amassados, seu lençol,
sua bala de hortelã,
seu primeiro beijo, logo de manhã!
quem me dera, quem me dera,
fosse eu sua primavera,
seu jardim colorido na estação,
mas não passo de velhas quimeras,
um poeta sozinho
no meio da multidão!