A NOITE

Há muitas noites na noite...

Se não me falha a memória

E pelo que ainda me lembro,

Numa dessas noites de outrora

Sonhei o filme de minha história

De profundo pesar trajado

E soterrado em ruínas por dentro;

Assisti à valsa das lembranças

Ao som de um violino desafinado

E a ventura guardada no peito

Nessa noite sem estrelas

No manto escuro foi-se...

Embora eu quisesse retê-la

Na alma de qualquer jeito;

Restou do filme de minha vida

O remorso que me corrói agora,

Filho da culpa que alimento

Por ter mantido esquecida

A doçura do dia ensolarado

Em que provei o sentimento

De amar e ser amado,

Que vivi como efêmera aventura

Quando poderia ter sido ventura;

Mas a jato o tempo voou

E hoje já é tarde demais

Para avivar o sonho finado

Que o vento funerário levou

Para o cemitério do passado,

Onde o sonho jaz

Velado e sepultado.

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 15/09/2017
Reeditado em 18/09/2017
Código do texto: T6115275
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