Olhos de Argos
Deverias ouvir a verdade
como a chuva chegando
num telhado de vidro.
Como frases repetidas
e ouvidas sem cansaço.
Como sentimentos renegados
e compreendidos no final
do pranto.
Deveria viver em plenitude
e propagar exemplos
de amores presentes.
Seguimos a ilusão
dos condenados
na cela escura
do mundo.
Não colhemos lírios
nem palavras breves.
II
Sei que ainda pensas
que posso amar-te.
Agora tudo é tarde.
Longe estou das
turbulências.
Sigo caminhos
distantes dos olhos
de Argos.