Apenas mais uma

Eu já morei em um amor.

Daqueles que os contadores de histórias passam para as próximas gerações, para que transcendam a emoção humana.

Eu tinha uma casa nesse amor.

Muito humilde, meio do mato beira de rio, agro floresta, tinha balanço de rede à luz de vela.

Noites inteiras olhando pra cima, as estrelas despertando nossos delírios de eternidade, nossas utopias surrealistas, e paradoxalmente o que não costumam se encaixar nesse mundo que elas próprias moldaram. Reproduzimos rotinas que vão contra a natureza e por isso andamos tristes, mas não naquele pedaço de tempo, ali sempre fomos bicho, felizes dentro de um abraço ninho, enrolados no pano que sonhava ser casulo.

Hoje esse amor tá trocando de pele. Pois é certo que amor é réptil.

Todo peito e entranhas.

Amor não bate asas, não sai andando.

Amor rasteja, esfola, deixa rastro. ..Faz assim, grava o mapa nesse olho cor de terra, um dia a gente se encontra pra jornada de volta.

Soneto de Saturno
Enviado por Soneto de Saturno em 13/10/2017
Código do texto: T6141880
Classificação de conteúdo: seguro