ALTEROSAS


Das montanhas de Minas todas as tardes
Eu via, ao por do sol, o canto choroso
Da passarada anunciando o crepúsculo.

O clarão dos faróis do automóvel eu via
Distante se apagar, chuva fina ou tempestade,
O doce adamascar, vidas ancestrais, laranjeiras,
Jabuticabeiras e o ipê florido entre os macaubais

Agora a roça virou comunidade, já é quase cidade.
Razão e emoção não se misturam, sonhos volitam.
Iluminadas casas; fim do lampião a gás
Que mamãe usava para clarear nossas noites de amarguras.

Pela manhã meu pai e eu capeávamos,
A boiada estourava, o cavalo relinchava.
O pintinho piava a canjiquinha
Que no moinho de pedra e pinho meu pai preparava.

Na igreja de Santa Rita de Cassia o sino tocava, eu ouvia,
Mas não entendia a exatidão das coisas
Nem os motivos pelos quais os homens não se amavam.

Confesso que cresci passei por bons e maus pedaços
Hoje estou aqui a pedir palmas para vida!
De mãos dadas caminharmos rumo ao infinito.
E cuidar dos campos Gerais na imensidão do planeta.