MORTE AO LUAR

Ouço o teu silencioso chegar.

Os teus olhos não me assustam,

ressuscitam a minha velha floresta,

perdida entre edifícios abandonados,

bunkers de arame farpado,

último reduto da luta contra

um império de línguas sem boca.

O sangue relembra-me o preço da liberdade.

Tão vã...

Vendida por nada

em momentos como este.

A brisa cessa lentamente

os seus apelos

para que a sinta, já não consigo

(visitar as ribeiras transparentes,

as estrelas apagadas, os ramos caídos,...

nas suas asas).

Emoções que me rodeiam

e que nunca senti realmente.

Num dançar sem acordes

recomeço um círculo sem circunferência

à volta da bracura do teu ser.

Como se resiste ao doce aroma da morte?

Repito o que nunca disse a quem devia

(principalmente a ti amor)

e deixo-me levar para onde não quero ir.

Deixas que o meu último beijo seja um breve suspiro

e parto em silêncio sozinho contigo.

Daniel Delgado
Enviado por Daniel Delgado em 20/08/2007
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