MORTE AO LUAR
Ouço o teu silencioso chegar.
Os teus olhos não me assustam,
ressuscitam a minha velha floresta,
perdida entre edifícios abandonados,
bunkers de arame farpado,
último reduto da luta contra
um império de línguas sem boca.
O sangue relembra-me o preço da liberdade.
Tão vã...
Vendida por nada
em momentos como este.
A brisa cessa lentamente
os seus apelos
para que a sinta, já não consigo
(visitar as ribeiras transparentes,
as estrelas apagadas, os ramos caídos,...
nas suas asas).
Emoções que me rodeiam
e que nunca senti realmente.
Num dançar sem acordes
recomeço um círculo sem circunferência
à volta da bracura do teu ser.
Como se resiste ao doce aroma da morte?
Repito o que nunca disse a quem devia
(principalmente a ti amor)
e deixo-me levar para onde não quero ir.
Deixas que o meu último beijo seja um breve suspiro
e parto em silêncio sozinho contigo.