Clamor do sertão
Cadê o meu colher?
Tão vazio esta seca me deixou
Olhando a terra não se vê mais alegria
Talvez um gado faminto possa existir
Aquele abraço
Com certeza fez faltar
A mordomia de sentir-se
Amado
E os meus olhos
Rompem a noite
Esperando a gota viva desse céu
Tão perto e tão distante
Olhar de amante
Que saceia
E abandona
O "interlocuamor"
Volta, vem
Nem que seja para arar o solo
Atravessa o sertão de colo
E cai no meu jardim
E faz de mim
O que quiser
Frutos ou não
É tudo teu
E assim fez a moradia primária
Como commodities
Do seio da alvorada
Encontrei descanso
O pranto fez-se tonto
E as noites de sono
Terminam
Toda manhã.