Roteiros imaginários

Deito a tinta desta caneta sobre este papel,

Para que quando estas dores secarem

Como as flores que padeceram dos amores

Que deixei no teu quintal,

Reste esta cicatriz azul no meio deste livro,

Entre as linhas claras

Das várias vidas que ainda ei de escrever...

Para lembrar que te fazer sofrer

Foi o veneno mais letal que já bebi

Porque de mil maneiras te amei

E de mil maneiras te matei

E saberei nas minhas esquinas

Que sou carrasco de nós dois.

Meu crime, a dor e o tempo

No amálgama das coisas

Que não têm explicação

Perecerão num lugar

Onde nossas mãos não alcançarão

E quando o caos cindir

Com a leveza pura da aurora

Teu coração seguirá mais genuíno...

Talvez eu sairei de cena

E não serei mais o protagonista

Da tua história de cores, unicórnios

E criaturas]

Para que tuas memórias

Não carreguem minhas agruras

Mas por favor, por favor

Eu imploro para que não me peça pra esquecer

O que não haverá de ser recordado

Deixe-me por favor manter minhas memórias

Preciso ser um velho sábio

Se a idade me chegar...

Para lembrar do teu amor

O mais intenso que já vivi

O mais límpido que já senti

Daqui pra frente

Sei que te amarei de boca fechada,

Mas nos meus sonhos

Vou te namorar em silêncio

Lá do alto da escada

Dormirei com o seu corpo junto ao meu

Beijarei tua boca em nossa formatura

Celebrarei contigo em países gelados

E lá seremos arteiros!

Te pedirei uma vida a dois

Para que sejamos um...

Mas por favor,

Não me tire as memórias

Elas são tudo que eu tenho

Pois já não tenho mais você

E te amar agora só é possível

Nos roteiros impossíveis do meu coração.

Henrique Miranda
Enviado por Henrique Miranda em 16/11/2017
Reeditado em 12/05/2020
Código do texto: T6173450
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