Roteiros imaginários
Deito a tinta desta caneta sobre este papel,
Para que quando estas dores secarem
Como as flores que padeceram dos amores
Que deixei no teu quintal,
Reste esta cicatriz azul no meio deste livro,
Entre as linhas claras
Das várias vidas que ainda ei de escrever...
Para lembrar que te fazer sofrer
Foi o veneno mais letal que já bebi
Porque de mil maneiras te amei
E de mil maneiras te matei
E saberei nas minhas esquinas
Que sou carrasco de nós dois.
Meu crime, a dor e o tempo
No amálgama das coisas
Que não têm explicação
Perecerão num lugar
Onde nossas mãos não alcançarão
E quando o caos cindir
Com a leveza pura da aurora
Teu coração seguirá mais genuíno...
Talvez eu sairei de cena
E não serei mais o protagonista
Da tua história de cores, unicórnios
E criaturas]
Para que tuas memórias
Não carreguem minhas agruras
Mas por favor, por favor
Eu imploro para que não me peça pra esquecer
O que não haverá de ser recordado
Deixe-me por favor manter minhas memórias
Preciso ser um velho sábio
Se a idade me chegar...
Para lembrar do teu amor
O mais intenso que já vivi
O mais límpido que já senti
Daqui pra frente
Sei que te amarei de boca fechada,
Mas nos meus sonhos
Vou te namorar em silêncio
Lá do alto da escada
Dormirei com o seu corpo junto ao meu
Beijarei tua boca em nossa formatura
Celebrarei contigo em países gelados
E lá seremos arteiros!
Te pedirei uma vida a dois
Para que sejamos um...
Mas por favor,
Não me tire as memórias
Elas são tudo que eu tenho
Pois já não tenho mais você
E te amar agora só é possível
Nos roteiros impossíveis do meu coração.