Metades

Eu só quero essa outra metade de amor

Que você tem para dar e tomar,

Essa outra metade que,

Se somada à minha metade perdida,

Se fará inteira,

Antes que a derradeira sentença

De morte e vida

Nos diga que o tempo acabou.

Por mais que eu faça,

Não te esqueço,

Não te relevo

E, tampouco, te considero irrelevante:

Apenas te considero.

E espero ser por você considerado.

Algo assim ou assado,

Mais ou menos interessante...

O que é de fato importante

É só ser lembrado!

Algumas pessoas são leves,

Outras, um tanto pesadas.

Mas algumas outras

Se fazem leves no encontro

Porém pesam demais na lembrança.

A gente não se livra dessas pessoas diferentes,

Em nossa cabeça e coração,

Tão insistentes!

São belas essas pessoas,

São tristes e contentes,

A um só tempo.

São crianças (esperanças),

São velhas (lembranças),

São novas (aventuras),

São pessoas crescidas (maduras),

São adolescentes (carentes);

São adultas (astutas);

São bebês (cheios de porquês);

São fetos incertos de um amanhã apenas possível,

Incríveis pessoas, inauditas criações

Da Deusa e de seus inúmeros demônios.

Como te quero, te evito.

Como te desejo, te abomino.

Como te sonho, pesadelo pela manhã,

Quando retorno a mim.

E,

Sem fim,

Prossegue essa querela,

Quanto mais te quero,

Mais faço você fugir de mim.

Mas,

No fundo d’alma

Você já habita, comigo misturada e, daqui,

Nem a mais negra e profunda Morte

Jamais a retirará.

E, assim,

Mais uma vez,

Durmo contigo.