A espera
Sou uma alma covarde
que ocupa um corpo frágil.
Às vezes chego tarde,
poucas vezes fui ágil.
Foi assim que a perdi
numa esquina da vida.
E hoje eu estou aqui
num beco sem saída.
Todo dia eu a espero
no mesmo lugar e hora.
Porém quem mais eu quero
me impõe esta demora.
Passam carros, vem gente,
cada um com seu porquê.
Contudo à minha frente
só não vejo você.
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N. do A. – Na ilustração, Contemplação Silenciosa de Pino Daeni (Itália, 1939 – EUA, 2010).