Como tu me amas

Quis amar-me como tu me amas e sentir por mim um ódio profundo

Senti desejo sexuais pelo meu lado podre e cruel

Cortei minha garganta com palavras de amor

Bebi doses amargas de cachaças artesanais

Vomitei cerveja barata em uma grande privada universal

Senti mutilar-me pela dor da juventude

Fiz versos para uma mulher

Fiz versos para uma cidade

Versos para uma noite idiota de bebedeiras e sorrisos

Caminhei sozinho por ruas escuras com medo ser roubado

Escrevi versos em papel toalha, guardei no bolso e quando tirei

A chuva já havia apagado todas as palavras

Senti medo, vontade de voltar, acabei relacionamentos

Acabei amizades, comprei jornais e selecionais palavras para unir em versos

Comprei cerveja por R$1,99. Tomei banho de chuva, senti medo de um trovão

Falei com moradores de rua, com motoristas de ônibus, varredores de rua

E eles se assustaram com o meu boa noite

Busquei consolo em mesas de bares ou em uma mulher qualquer

Procurei fazer versos sujos e tirar deles o puro malte poético

Não fumei, mas senti em beijos o sabor da nicotina e isso agradou-me

Acordei em lugares e não sabia onde estava, mas queria está ali

Fiz de mim um ébrio infeliz, amando-me como tu me amas

(Maicom Douglas)