Paradoxo da paixão

Como me sinto

Como posso dizer

Eu te conheci

Me apeguei a você

Não há um dia só

Que não invada minha mente

Minha alma e meu coração

Devo estar doente

Não sei o que há em mim

Se puder me diz

Como explicar

O que em mim há

Isso não condiz

Homem da vida

Das mulheres

Das orgias

Dos maus feitos

Agraciados com meu jeito

Cavalheiro e cavaleiro

Do poder

Levava jeito

Devo estar demente

Só pode

Demente ou dormente

Doente e pobre

Mas pobre não posso estar

Nunca estive tão feliz

Apesar da confusão

Me diz

Será que deixa marca ou dói

Terei uma cicatriz

Estou contente

E não sei dizer

Lembro de você e seu sorriso

Premeditado ou repentino

Logo abro o meu

Não consigo me conter

É como uma benção

Arranca de mim o vazio do peito

Tirando-me do leito

Em que se encontra o coração

Abandonado à escuridão

Mas também uma maldição

Talvez o castigo

Do príncipe ingrato

Ímpeto e vil

Tornado em sapo

Ou fera

Para gostar da Bela

A quem não poderia ter

Ela não me olha

Vê a feiúra de minh'alma

Sórdida ingrata

O pensar não me agrada

E esse levante de emoções

Não sei como lidar

Não tava preparado

Não sei como me portar

Estou carente

De ouvir sua voz de repente

Seu sorriso saliente

Que me envolve

E me deixa todo ardente

Mas é gostoso o processo

É diferente

Mas mata aos poucos

Como veneno de serpente

Mais pra frente

Me pego imaginando

Será que estou sonhando

Um belo sonho

Por sentir isso por você

Ou pesadelo por não saber

Se poderei te ter

É confuso

Me sinto fraco

Ao passo que forte eu fico

Valente como Héracles

Que os doze trabalhos

De Hera fora realizar

E crente me sinto

De que poderei

Conquistar o seu olhar

O seu sorriso

O seu pensar

Que de mim possa gostar

Mas descrente

Por pensar

Que não cederá

Que talvez não passe

De um sonho bobo

Que ao ler esta

Poderá se afastar assustada

E indagar

Por que diabos

Este desconhecido

Veio à mim se declarar

Não estou bem

E não estou afim

Deveria saber

O porei em seu lugar

O ignorarei

E ei de me afastar

Eu tento deixá-lo longe

Tamanho pensamento

Que Deus esteja ouvindo

E escute o meu alento

Que eu saiba como agir

Sou inexperiente

Quando o assunto é o coração

E não

Desejo quente

Mas tenho em mente

Que sois minha salvação

O encontro da alma

E meu perdão

Para esta encerrar

Pois não quero me delongar

Mais do que já delonguei

Então digo à você

Não sei o que fazer

Perdoai minhas incertezas

Ou minha aparente pressa

Minha indelicadeza

Se me tomo bobo

Como um sedento lobo

Indo à você

Num momento de tristeza

De cansaço e de fraqueza

Se enfim te assustei

Não foi minha intenção

Só que quando o assunto

É o coração

Clamo pela razão

Por sabedoria

Mas temo que seja em vão

E isto é o que acontece

É o paradoxo da paixão