Outono e meio
As calçadas me iludem,
Entre o risco perfeito das paralelas e o mosaico;
Nos morros,
As casas amontoam-se empurrando o verde,
Sem a costumeira ansiedade do meu bloco de notas,
Onde as palavras se perdem...
Mas a certeza logo virá,
Imergindo com tristeza na passagem de morte desse dia.
É outono e meio,
E o sol que cerceio passa, levantando a poeira,
Uma pobreza familiar me acolhe,
Vendo na simplicidade
a nobreza da nuvem guardiã, temperada de rubores,
Despedir-se do azul...
Corro, enquanto ainda ha tempo de beijar as flores,
Meu desafio é voar nessa manhã.
Devias vir e recolher-me mais uma vez,
Embalar meu coração quando pintares aos meus sonhos,
Como se fosse o sonho
dentro do sonho de outros sonhos...
Devias vir comigo colecionar estrelas,
Até percebê-las entornando na aurora uma doce canção,
O sabor da amora,
E as cores, então, apaixonadas de amor,
Esperando encontrar seus lábios.
https://www.youtube.com/watch?v=ljDcvhkRuOc
Nunca pergunte a uma nuvem: Para onde você está indo? Ela própria não sabe; ela não tem endereço, não tem destino. Se o vento mudar enquanto ela ia para o sul, ela começa a ir para o norte.
A nuvem não diz ao vento: Isso é absurdamente ilógico. Estávamos indo para o sul e agora estamos indo para o norte. Qual o sentido disso tudo? Não, ela simplesmente passa a ir para o norte, com tanta facilidade quanto ia para o sul. Para ela sul e norte, leste e oeste não faz nenhuma diferença.
Apenas siga com o vento sem nenhum desejo, sem nenhum objetivo, sem nenhum lugar para chegar; a nuvem só aprecia a jornada.
A meditação faz de você uma nuvem - de consciência. Não existe mais objetivo.
Nunca pergunte a quem medita: Por que você está meditando? porque é a resposta irrelevante. A meditação é ela própria, o objetivo e ao mesmo tempo, o caminho.(...)
Lao Tsé chegou a iluminação sentado sob uma árvore. Uma folha tinha acabado de cair; era outono e não havia pressa; a folha voava ao sabor do vento, devagar. Ele observou a folha. A folha foi caindo até chegar ao chão, e enquanto observava a folha caindo e pousando no chão, de algum modo ele também foi se aquietando. Desse momento em diante, ele se tornou um não fazedor. O vento sopra naturalmente e a existência cuida dele.
Osho