Destino Atemporal
Às vezes eu não entendo
Como o tempo, com o soprar do vento,
Pode passar assim,
Correndo.
Ainda ontem te guardei um segundo,
Dois sussurros, três murmúrios,
Quatro beijos de boa noite
E cinco além-túmulos.
Mas ontem já passou,
Finito, se foi, acabou.
Não volta mais pra cá,
Porque de lá nada restou.
Lutar é inútil,
Prevalecer se tornou sobreviver,
Um dia a mais ou a menos
Não faz diferença pra quem crê.
Logo eu que não tenho fé,
Sou refém do velho tempo,
Grudado feito chulé,
Tenta me trazer pra dentro...
De suas garras,
Do arranhão.
Mas de todas as amarras,
Nossa trama é a punição.
Ainda tenho para você
Um segundo guardado...
Latente, a correr
Em meu peito amargurado.
Não demore a vir buscar,
Pois o senhor do relógio é emburrado
E, como bem sabes,
Ele não gosta de esperar.
Fica dado o recado.