Aqui em mim
De quando estamos
tão perto do fogo
Olhar desperto e as chamas
dançam no seu rosto
Você carrega mil
cômodos secretos
e vai deixando sempre
as chaves onde possa ver
Você chegar
e não ter que partir
Sabe bem que nunca
tive muita classe
não digiro muito bem
essa Europa que me oferece
E talvez de tanto brincar
no crescente rastro celeste
eu continue carregando esse
leviatã de barro
De todo espaço vago
que parei de ver em mim
E não é a tua sede
nem a tua relevé
ou a complexa rede
de seus livros em busca
de uma
raison d'être
É o cheiro inexorável
de você
impregnado
em cada poro da minha cidade
De paralelas
de todas as mais belas
luzes que atravessam
a minha retina
Ou seus dedos
tão musicais
arpejando
cada veia minha
Ou da infinita coragem
de poder
crescer em estar
e ser
Aqui
em mim
E não ter que ser pra sempre
E no entanto
naturalmente o ser