Aqui em mim

De quando estamos

tão perto do fogo

Olhar desperto e as chamas

dançam no seu rosto

Você carrega mil

cômodos secretos

e vai deixando sempre

as chaves onde possa ver

Você chegar

e não ter que partir

Sabe bem que nunca

tive muita classe

não digiro muito bem

essa Europa que me oferece

E talvez de tanto brincar

no crescente rastro celeste

eu continue carregando esse

leviatã de barro

De todo espaço vago

que parei de ver em mim

E não é a tua sede

nem a tua relevé

ou a complexa rede

de seus livros em busca

de uma

raison d'être

É o cheiro inexorável

de você

impregnado

em cada poro da minha cidade

De paralelas

de todas as mais belas

luzes que atravessam

a minha retina

Ou seus dedos

tão musicais

arpejando

cada veia minha

Ou da infinita coragem

de poder

crescer em estar

e ser

Aqui

em mim

E não ter que ser pra sempre

E no entanto

naturalmente o ser

Vini de Azevedo
Enviado por Vini de Azevedo em 12/03/2018
Código do texto: T6278150
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