PALAVRAS
Palavras que trazem brilho aos olhos
Palavras que nos tornam crianças
Palavras que chegam como crianças
Sussurram aos nossos ouvidos e nos amansam.
Palavras vindas do nosso âmago
Do nosso interior trazendo a doce lembrança
Palavras que como a chuva, molham nossos rostos e lavam nossos olhos
Palavras que nos adormecem e em nós, descansam
Ah, quantas palavras, nessa noite quis ouvir
Palavras de conforto, amor, sinceridade ou palavras que me fizessem despertar
Doces palavras iriam se deleitar
Ficar no colo do meu inconsciente para em algum momento me afagar
Palavras que vêm como flechas
Tocam, penetram e dilaceram a alma sem mesmo imaginar
Que elas são cortantes, alarbadas e ficam em algum lugar
Para em outros momentos, outras situações, nos acorrentar(em)
Palavras venenosas, amargas, carinhosas ou de ninar
Assim são as palavras que quando jogadas ao sol, podem queimar
Quando lançadas à chuva, irão inundar
Quando faladas às estrelas irão centelhar
Mas recitadas a um coração, podem marcar ou cicratizar ou, quem sabe ainda, nos fazer acreditar
Que um dia seremos capazes de amar
E se isso não acontece, elas virão à memória, fecharão nossos olhos
E nos farão sonhar
Que um dia poderemos voar
Mesmo sem não termos asas, certas palavras nos levam a viajar
Por caminhos mais profundos, seja por terra, seja no ar
Palavras têm esse poder de molhar nos olhos, escorrer no rosto e nos fazer chorar
Porque um dia falamos ou ouvimos alguém falar
Simplesmente algum palavrear...
Evandro Ferreira - ALTO
Professor, Escritor, poeta e Acadêmico
15/03/2018