PALAVRAS E NUVENS
Escrevi poemas e versos em papeis
E, acreditei que ficariam marcados
Não para sempre, mas, de alguma forma ficariam marcados...
Usei palavras persuasivas,
Belas, com efeitos e sentidos completos
Mas. veio a chuva, e fez buraco nas minhas palavras
Então eu subi em alguma delas, as que achei mais bonitas
E sai num vôo planando
Como se elas fossem um tapete mágico
E me conduziram a tantos lugares, a tantas emoções
A tantos sonhos...
Mas, cai, e na queda os meus olhos se fecharam...
E, os papeis onde antes eu havia escrito
Agora estavam estendidos num varal
A secar, fazendo sumir todo o seu conteúdo
Às vezes o vento os colocava na horizontal
Em outros momentos na vertical
E as minhas palavras caiam no chão,
Em poças de água, misturando-se a relva molhada
Enquanto por sobre elas
Folhas secas e galhos quebrados
Passavam com o sopro do vento
Agora não vou mais escrever em papeis
Só vou escrever em nuvens
Quando eu as conseguir pegar
Porque mesmo quando as nuvens se movimentam
Surgem formatos de desenhos
Abstratos, belos, mas, por alguns momentos
São reais
E as minhas palavras as que eu colocar lá
Não vão cair no chão
Nem vão serem estendidas num varal
A derramarem gotas molhadas, manchadas
Elas iram sim
Misturar-se as nuvens
E compor um desenho fugaz
Abstrato e surreal
Porque como as nuvens passam, palavras passam
Agente passa e tudo segue o seu curso real...
BY JORGE BRITTO AGOSTO DE 2007