EU VOCE E O DRAGÃO
Eu te entreguei o orvalho das manhãs
Você desconhecia...
E, ao toque sutil, suave e úmido em cores e reflexos
Você se encantou, ficou fascinada
Levei-te pelas planices
E colhi flores do campo belas e simples
E, tudo parecia tão com você
Entreguei-te tulipas, amarelas e vermelhas
E, nas suas pétalas havia pequenos poemas
Que só você via e lia
Deixei rosas vermelhas na sua cama
E espalhei pétalas sobre você
E, você disse que eu tinha cheiro de café com pão
Bucólico, e simplesmente belo
E construímos uma historia
Com sonhos, com desejos, com ondas do mar...
Fantasmas surgiram
Mas, sutilmente nos os expulsamos
E, a construção seguia seu curso normal
Junto aos seus você era feliz
Junto aos meus eu era feliz
Falávamos a eles sobre nos
E formulamos e formatamos ideais
De forma mágica a beleza da confiança
Fazia-se intensa, a admiração, o fascínio
E o conjuminar de sentimentos resultavam
Em respeito, auto-estima
E, elevação de conceitos pessoais
E, éramos felizes...
E os caminhos por onde seguíamos
Tornavam-se floridos, belos, encantadores
De vez em quando eu pegava uma bela flor
E colocava nos seus cabelos
E seus lábios tocavam o meu rosto
E, sorriamos e seguíamos...
Mas...
Esqueci, de lhe falar!
Menti? Ou omiti? A você que no fim
Do caminho havia um dragão adormecido
Que eu considerava morto
Abatido, pela própria excrescência de sua feia existência
E,
Derrepente esse dragão se apresentou a nossa frente
Blasfemando, vituperando, vilipendiando-nos
Soltando fogo pelas ventas
Mas, eram chamas apagadas!
Mas, você viu nessas chamas o poder de um vulcão
Eu disse a você: isso não tem sentido!
Essas chamas não atingem nem a relva seca
E, você não acreditou em mim
Culpou-me pela existência desse dragão
E, me falou aos berros!
Tanta coisa feia...
E, eu te repliquei tanta coisa feia...
Mas, ainda assim peguei na sua mão e quis
Continuar a caminhar junto a você
E lhe disse: esse dragão não existe, não pra mim
Ele se debruça em sonhos irreais, surreais
E quer me levar de volta ao inferno
E, você não novamente não acreditou em mim
Com sarcasmo, deu de ombros
E sacudiu as mãos, como a limpa-las da sujeira
Que havia em mim, eu era indigno de você
E, com uma inflexão pesada na voz
Disse-me: siga junto ao dragão, vocês são iguais
Falam a mesma linguagem, vocês se completam
Eu fiquei parado a te olhar
Enquanto num ímpeto brusco você
Agachou-se ao chão
E pegou um punhado de areia
E, atirou nos meus olhos
Atônito e perplexo levei a mão ao rosto
Enquanto você me olhava,
Virou-se de costas pra mim e em desdém sorriu
E, então você voltou para trás,
Retornou a sua vida...
E, eu ali parado com os olhos ardendo
Fiquei entre as flores do caminho
E as chamas do dragão...
BY JORGE BRITTO AGOSTO DE 2007