UMA MANHÃ
Numa dessas manhãs
eu não vou mais está aqui
e, quando isso acontecer, lembra de mim com um sorriso
porque já não volto...
voei nos meus sonhos
e as minhas asas se partiram
me perdi no vazio, na imensidão,
não sei se cai num abismo, numa clareira, no mar,
ou se estou planando,
e o vento me conduz, sem rumo, sem rota, sem direção
quando acontecer de não mais estar aqui,
se estiver chovendo, melhor
da mais cor
encosta o rosto no vidro da janela
e, deixa uma lagrima rolar
(acho super belo uma lagrima saindo de um olho parado, como a trazer o reflexo do universo)
e, deixe essa lagrima cair sobre a ponta do seu dedo
e a ela junte uma pétala de rosa "azul”
e sopre-a no ar, deixando-a ir, quem sabe me encontrar
a chuva irá tocá-la, fazendo-a bailar em belos vôos rasantes
na sacada, deitada, sobre seu peito nu
deixe cair tulipas - 3 uma vermelha uma amarela e uma lilás
a pulsação do seu coração
fazem-nas dançar, brincar, como se estivesse a me chamar
e, a pétala com a lagrima "molhada" orquestrada por esse som do peito
voa em direção às tulipas, onde está você
juntando-se a elas num "silencio" de ensurdecer a alma
e se misturam em círculos, vibram,pulam,
tulipas, pétalas e lagrimas, e som do coração,
e junto ao "silencio" da chuva caindo
me faço surgir diante de você, inteiro, intenso
com um sorriso nos olhos,
e dos lábios querem sair palavras, sem "som”
ou extremamente "barulhentas”
a chuva continua a cair, festiva
como a aplaudir
numa melodia que só o coração entende
e, então não me deixe ir...
acorrenta-me às portas
me amarra com cordas de sisal às grades,
me prende às paredes com cola
ou apenas toca o meu corpo
com a ponta dos seus dedos
e prende-me no teu olhar
num facho de luz de metal
porque já não quero ir...
as minhas "asas" se recuperaram, agitam-se,
e insistem em querer voar
mas, eu já não quero ir
porque eu quero ficar
o que eu quero "mesmo" é ficar
me faça querer ficar...
BY JORGE BRITTO 01 DE SETEMBRO DE2007