Amor Fugaz

Amor Fugaz

Quando, naquele instante, percebi

Que ela vestira a roupa do adeus,

Pude vê-la se despir

De todos os momentos meus

Nada mais precisou ser dito

Tudo estava consumado

Saiu veloz, num galope incontido

Deixando em companhia do passado

De que valeriam todas as súplicas,

As lamentações múltiplas,

O lençol manchado

Com a seiva do pecado?

O agora foi silenciado

Sonho, neófito, abortado

E eu, completamente pasmo

Ainda recordando o último orgasmo

Gastei tantos versos

Produzi tantas rimas

Agora vejo-os imersos

Precocemente, em exauridas minas

O olhar perdido

O coração estraçalhado

Um presente sem sentido

Um refugo, um rebotalho

Com é duro ser o esbulho.

De uma vida, ontem, festiva, dançante,

Mas que neste átimo caminha, errante,

Recolhendo-se no próprio entulho

Se é assim que tem que ser

Ver uma paixão perecer

Sob o doloroso manto da desdita

Conformar-me-ei com os desígnios da despedida

Porém, como a fênix ressurgirei

Do rescaldo, deste braseiro

A buscar um novo amor

Que por certo encontrarei

De uma forma mais frugal

Em um outro Carnaval

Em um outro fevereiro.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

23 de maio de 2018

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 24/05/2018
Reeditado em 25/05/2018
Código do texto: T6345330
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