Amor Sem Tempo
Vejo-te ao longe..
Passos pequenos que não te aproximam de mim
Olhar distante.... Buscando no horizonte algo que não sou
Pensamento vagante, andando solitário nas planícies de eros
Apascenta-me o prazer de vê-la...
Mesmo que alheia à minha realidade desestimulante
Mesmo que buscando nos amores passados
Algo melhor que a incerteza da realidade atual
Perdoe-me por não existir no teu mundo
Desculpe por te cultivar no meu universo
Distante do teu existir.... Suficiente apenas para eu tragar teu aroma
Feito um jardineiro errante que cultiva jardins alheios
Falta-me tempo para te criar um novo jardim
Não me enganarei
Na lógica do tempo estou na descida do monte;
Só me resta acomodar os amores...
Logo eu, que tanto os cultivei; em versos e prosas
Só peço ao tempo que....
Ao descer à planície da maturidade não cale a minha poesia
Permita que ela recrudesça em mim
Todos os amores tingidos de rubra vergonha
Todos os amores pisados pela lealdade que me impuseram
Todos os novos amores que feito brotos foram podados
Todos os amores juvenis e balzaquianos que floresceram
Mas não deram frutos
Tempo...
Permita que minha poesia fale de amores... De muitos amores
Sem ressalvas...
Fale dos amores de colocar no colo e acariciar apenas
Fale dos amores de dormir abraçado ouvindo as batidas do coração
Fale dos amores de amar ardentemente a noite inteira
Fale dos amores que não escolhemos amar
Que nos aparecem......
Apenas para nos provar que só nos resta a poesia....
Amores de poesia.....
Possíveis nas páginas em branco....
Apenas flertando com a realidade