Obra-prima

Quero te pintar em letras

E te imortalizar em versos

Para que quando tudo tiver seu fim

Você ainda esteja lá

Inalterada e intocável

Ainda viva e radiante

Nos pedaços partidos de minha mente.

Uma dor crucial

No coração daqueles

Que não puderam

Compreendê-la internamente

E conquistá-la com suas próprias

Tentativas falhas de interpretações

Da verdadeira sublimidade que é

Cada milésimo que se passa

Ouvindo somente suas palavras

E vê-la se distanciar de todos

Como uma estrela solitária

Que possui o brilho mais forte

Porém incompressível.

Uma melodia de um réquiem

De uma orquestra milenar

Ou de um soneto romântico

Feita em uma inspiração fervorosa

Da natureza em sua forma

De instrumento de cordas.

Pintura abstrata

Formas geométricas perfeitas

Pintada pelas cores

Que foram tiradas do mundo

Somente para retratar

Cada traço de cada expressão

E cada linha curva

Que desenha seu rosto

Repleto de perfeições.

Passos de dança invisíveis

Intensos, sedutores e hipnotizantes

Que criam o elo entre o corpo e a alma

Uma performance que tira lágrimas

Aplausos e atordoamentos

Do público que quietamente a observa

Sem ao menos emitir sons de respiração

Enquanto ela chega ao seu fim.

Poesia pura

Breve, bela e sufocante

Em cada metáfora

E em cada ponto final

Que encerra mais uma estrofe

Epifânica e arrepiante.

Que fica lá

Em uma tela de pintura

Em um museu de artes

Em um palco com as luzes caídas sobre si

Em um papel preenchido com despejos de volúpia

Em cada parágrafo de livro

Lá presa nos corações flamejantes

Uma verdadeira obra-prima.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 17/06/2018
Código do texto: T6366682
Classificação de conteúdo: seguro