Obra-prima
Quero te pintar em letras
E te imortalizar em versos
Para que quando tudo tiver seu fim
Você ainda esteja lá
Inalterada e intocável
Ainda viva e radiante
Nos pedaços partidos de minha mente.
Uma dor crucial
No coração daqueles
Que não puderam
Compreendê-la internamente
E conquistá-la com suas próprias
Tentativas falhas de interpretações
Da verdadeira sublimidade que é
Cada milésimo que se passa
Ouvindo somente suas palavras
E vê-la se distanciar de todos
Como uma estrela solitária
Que possui o brilho mais forte
Porém incompressível.
Uma melodia de um réquiem
De uma orquestra milenar
Ou de um soneto romântico
Feita em uma inspiração fervorosa
Da natureza em sua forma
De instrumento de cordas.
Pintura abstrata
Formas geométricas perfeitas
Pintada pelas cores
Que foram tiradas do mundo
Somente para retratar
Cada traço de cada expressão
E cada linha curva
Que desenha seu rosto
Repleto de perfeições.
Passos de dança invisíveis
Intensos, sedutores e hipnotizantes
Que criam o elo entre o corpo e a alma
Uma performance que tira lágrimas
Aplausos e atordoamentos
Do público que quietamente a observa
Sem ao menos emitir sons de respiração
Enquanto ela chega ao seu fim.
Poesia pura
Breve, bela e sufocante
Em cada metáfora
E em cada ponto final
Que encerra mais uma estrofe
Epifânica e arrepiante.
Que fica lá
Em uma tela de pintura
Em um museu de artes
Em um palco com as luzes caídas sobre si
Em um papel preenchido com despejos de volúpia
Em cada parágrafo de livro
Lá presa nos corações flamejantes
Uma verdadeira obra-prima.