TANTO

Há tanto tempo tento
não estar tonto
que a tinta do meu verso
já desbotou.
Escrevo versos tortos,
mas cheios de algum amor,
desses de porcelana,
de cerâmica barata.

Não estar tonto
diante de tanto contentamento,
tento,
mas não é possível.
Ouço velhas canções
e elas me aconselham 
a esquecer aquela mulher,
se não quiser sofrer.

Mas não tenho medo.
Tragam a lâmina
e me deixem exangue.