Brumas no lago

Há uma fada que mora

(Dir-me-ão que é besteira)

à beira de um frio lago

Numa flor de cerejeira

Quem ali passa depressa

Não verá a pequenina

Só poetas e amantes

Podem ver esta menina

É tímida, não se mostra

Qualquer dia a qualquer hora

Entre julho e agosto

Trabalha desde a aurora

Observou um menino

Ali no deque à direita

Rabiscando numa folha

Foi chegando-se à espreita

Inspirou-lhe a poesia

Pairando ali ao seu lado

E o poeta meio louco

Se sentiu enamorado

Por ali se encontraram

Num recanto menos frio

E trocaram poesias

Preenchendo seus vazios

De repente ela se foi

Escondeu-se, se assustou

De seus olhos nem a cor

O poeta vislumbrou

Sakura! lembra-te sempre

De Julieta e Romeu

Que por tolos desencontros

Tão belo amor se perdeu

Fada usa teu condão!

Traz de volta a alegria

Musa desta inspiração

Quem te aguarda com porfia

Entalhado ali no deque

Só quem ama irá ver

Um coração, cinco letras

Que só ela irá entender.