Lá, bem distante

Tenho um cantinho, bem distante, longe de tudo,

Aonde vou sempre ao final da tarde.

Lá eu guardo para mim, a sete chaves, meu paraíso.

Lá, alguém me espera, de corpo e alma enfeitados,

Com um sorriso e olhar angelicais,

Braços abertos e um coração repleto de amor.

Nossa casinha toda branca, com vasos de plantas nas janelas,

Em meio a um jardim onde as flores renascem a cada dia,

Com todos os matizes da primavera,

É onde me refugio dos desencantos do mundo.

Lá não entram a dor ou a solidão;

A violência ou o medo;

O ódio ou as mágoas.

Naquela casa só permanecem o amor e a paz.

É tão distante que ninguém pode alcançar;

É tão perto que ninguém pode imaginar.

Há um riacho que passa bem pertinho, sempre sussurrando;

Há os pássaros, de todas as cores, sempre a cantar.

Quando abro a porta e entro com meu amor,

O mundo silencia, as preocupações vão embora

E a natureza, à volta, se orna para nos embalar.

Esse mundo está ao alcance de todos,

Basta possuir um coração meigo e amoroso,

Sem jamais permitir que o mundo o corrompa.

Todo dia, ao final da tarde, fecho os olhos,

Silencio a minha voz, acalmo a respiração,

Esvazio a minha mente, abro os braços e me deixo levitar.

Então vejo, com todos os detalhes, o meu cantinho, além do mundo,

Onde só eu posso ir.

Nesse instante eu estou lá, bem distante,

E ali permaneço de corpo e alma,

Banhando-me na almejada fonte da juventude,

Que poucos conseguem achar.

Seria simples, como um piscar de olhos, encontrar esse lugar,

Não fosse necessária uma alma de criança,

Aberta à fantasia com o singelo dom de amar.

Pedro Lodi
Enviado por Pedro Lodi em 14/07/2018
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