Soneto XIII - Fugiu o Sol quando a mim resplandeceu
Fugiu o Sol, quando a mim resplandeceu
o cego deus de dias ancestrais
Que entre os deuses reina e entre os mortais
E fez de mim um outro Prometeu.
E vendo que sozinho andava eu
Em guisa de dois sóis celestiais
Roubou-me a vida e os sensos naturais
E a alma e o coração um dia meu.
Posto em uma prisão angelical
Selou-me então aos lábios uma prece
Que zombam sempre os anjos da paixão
Que vá minha alma ao deus que a escarnece
Entregue todo bem por este mal
E em troca me devolva o coração.