Talvez um beijo ...

Talvez um beijo a roçar ao de leve a pele da boca.

Talvez um toque

… breve, fulgurante,

um afago de sangue, um lastro de barco,

um rio de riso, um manto de gelo

… quebrado,

um brilho líquido de diamante.

As sombras, o escuro e o perfil de um instante.

Talvez o canto!

Cantar-te, amado, em constantes brilhos de luas cheias,

em dunas de oiro,

em tempestades de areia e fogo.

Talvez um fundo de mar, um quadro inacabado,

um oásis desenhado

nas cores suspensas na paleta de um artista …

Talvez as espadas de sílex,

o aço dos punhais, cravadas na carne, as guerras desiguais.

Talvez os gritos!

Talvez o roxo dos silvados,

das amoras maduras, no frémito das comuns loucuras,

o desejo mascarado, os veios e caminhos interditos,

os abraços de silvas, as urtigas, recobertas de ternuras…

Talvez o Inverno

a descer-se acortinado no estendal das nossas vidas.

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 07/09/2007
Código do texto: T642514
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