CÁRCERE DO AMOR

Maravilho-me com teus olhos

Tens algo de encantador?

Ou sou eu o que te provém de encantos.

Ouço cintilante a tua voz.

Esvaeço-me na solidão.

Busco a singeleza do teu existir

Talvez na feição da flor.

Carregaste-me para longe

Onde não mais tenho autonomia

Já não mando em mim

Controla-me com altivez

Envergo-me para acompanhar-te.

Ás vezes despedaça-me

Acompanhar-te tem sido árduo.

Mesmo que seja só com pensamento.

Alancea-me com tuas garras

Ofusca-me com teu brilho

Talvez seja o momento

O ensejo da retirada

Perdido estou

Busco angustiado a saída

Insiste em prender-me.

Pois se me ausento, perderás seu artifício...

Os víveres de teu ego

Já não me deslumbra o fulgor dos teus olhos

Nem tampouco tua face terna

Teu corpo faz-te habitual

Tua sedosa pele já não é tão afável

Conseguirei meu intento.

Libertar-me-ei.