Não tem razão!

Você me disse não num tom irredutível, firme e convicto.

Eu aceitei e me rendi fracassado.

Deixei tua companhia e tentei compensar minha solidão me ocupando em outros amores.

Criei paixões inusitadas, aventureiras, literárias.

Você não voltou atrás, não titubeou, não me procurou mais.

Seguiu o curso da tua vida, partiu para felicidade.

Eu fiquei a ver navios, naufraguei na ociosidade.

Tentando deixar tempo livre para gastar com a saudade.

O tempo passou e você jura que não me quer.

Eu prossigo acreditando que te terei pela fé.

Mas a fé é inteligente se retira e não se mete;

nos assuntos do amor, a decisão não lhe compete.

Pois amor é decisão e não loteria.

Quem se arrisca a amar, jamais hesitaria.

O amor lança fora o medo e se alimenta da certeza.

Quem ama mantem firme o olhar, não se desvia e nem fraqueja.

Eu estudei todos estes fatos, me formei na teoria,

mas não convenci meu coração de que de ti me esqueceria.

Enquanto espero outro alguém te colocar uma aliança.

Te observo bem de perto e alimento a esperança.

Que tragédia é esta vida, de corações que não tem dono.

O teu quer o de qualquer outro.

O meu casou com o abandono.