A canção do amor que reflorescerá
Sou florista.
Nos campos da alma,
pego sementes de possibilidades afetivas
e as elaboro para se tornarem
flores de cores e perfumes divinos.
Cultivei um jardim de flores especiais,
flores alquímicas, mercuriais,
vermelhas como a cor do sangue vital
e, da rosa da França, lhes dei o aroma essencial.
E cuidei que se tornassem fortes
contra as inclemências
do mundo dos fatos, do mundo real.
Mas quando trouxe meus braços cheios
das flores colhidas nesse roseiral,
não encontrei quem as acolhesse,
mas um deserto sem vaso, sem água, sem sal.
Uma a uma, as flores foram murchando,
suas umidades por meus olhos escapando.
Triste, triste, ai, tão triste,
recolho-me aos campos da alma.
Secas as flores, permanece o jardim.
Dentro de quatro estações,
o amor voltará a florescer.