O que se passa é o que se sente

O apego do querer ser

Do querer estar

Do querer construir

O mesmo apego que enlaça

Que fere, que obstrui

O apego de ser um

Quando dois são bons

Ou quando, simplesmente, renunciam

Do querer estar apegado à fantasia

De todo um conjunto

O apego do quente

Do querer ser rancor fervente

Que arde até que não mais sente

Por estar tranquilo

E por estar perene

O apego destrói

O mesmo que recompõe em versos

Essa minha vontade luz do universo

Revelado em mero desejo da morte súbita

Trazida nesse sentir que me escuta

O apego não se mostra paciente

É desmedido e inconsequente

É desespero em meio a dor da perda

Daquilo que nunca se teve

O apego é cruz sangrenta de compaixão tênue

O apego é tempo

É passageiro na sua certeza do fixo

Inevitável que transcenda

O apego é oração

Pedido ao vento que o deixe

Estar preso no seu ato de liberdade

O apego é arremesso

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 20/09/2018
Reeditado em 19/05/2019
Código do texto: T6453941
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