TEU MELHOR

Ainda era cedo...

E a vida estava ali

Fresca

Sequer amanhecida de sonhos.

E o teu melhor

Estava ali

Suave e encoberto

Pela brisa delicada

Dum tempo que nascia.

Eu apenas caminhava

Pelo mesmo tempo teu

Como criança maravilhada do nada

Olho arregalado de entusiasmo

Na ingenuidade pueril

De que vida

É um livro que se abre

Aleatoriamente

Prestes a se sonhar

Protagonista do melhor enredo.

Uma nossa história ...

Só de final feliz.

Era só madrugada...

E o teu melhor estava ali

Prestes a começar

Algo que já vinha pronto.

Já eu...nada sabia de mim.

Era quase primavera

E o teu melhor estava ali,

Perfeito a desabrochar

O viço

Do tudo que brilha

No ocultismo das existências.

Para depois,

Seguir o que jamais sabemos.

Mas eu sabia.

Eu sempre soube,

Embora haja conhecimentos

E tangências

Que jamais se explica.

Era o teu melhor que estava ali

e disso eu tinha certeza.

Naquele chão rubro- fosco

De ladrilho batido aos futuros

Chão duro de poucos passos

Onde muitos passariam correndo sem ver

Pelo tudo dos relógios que não se estancam,

Eu te enxerguei, mas não com os olhos da face:

Era o teu melhor que estava ali,

Quieto e tímido

Emoldurado num sorriso largo

E amedrontado.

Era como num desses encontros fortuitos

Vento e flor

Momento em que se despe

As pétalas das flores que reciclam

Cores e vida

À metafísica dos movimentos futuros

Mistérios,

Sempre sem rotas definidas.

Mas o teu melhor já estava ali

Traçado...

E tal nenhum profeta

-nem em versos fictícios!

Poderia ali supor.

Então seguimos ambos,

Como crianças,

Por caminhos revigorados:

Tu naquele teu perpétuo melhor

Que eu, tão brevemente, reconheci ali.

De repente

O relógio soou desprendido das horas

Como se num GPS dum tempo

Desencontrado,

E abençoado.

Era preciso seguir,a despeito do teu melhor.

Foi quando entendi

Que ambos dispersamos

Flor e vento

Revigorados pelas primaveras

Despetaladas da vida...

A construir jardins equidistantes

de semelhantes espécies.

Lugar onde se refloresce

Para depois se morrer intacto

Na reciclagem dos sóis

De todos os vendavais dos sucessivos dias.

Foi em verso que descobri

Apenas pela poesia que passa

acena e fica,

Que o teu melhor

Também era o meu .

Era o nosso melhor que estava ali .

E assim,

A vida reamanheceria...

Sempre reflorescida de viço

No melhor de nós dois.

Nota da autora: A despeito dos dias de hoje, ao mundo ainda é muito urgente se poetar o Amor.