Nevoeiro do viajante

Ombros dilatados

Exausto e absorto

Esculpindo versos a direção nenhuma

Deambulando aos passos do destino

Ao ar, que me leva além mar

Da imaginação.

Oh, primavera

Ouço dos meus pés

Um voo ermo sob as folhas secas e mortas.

Nos becos torvos como abismo.

Carregado duma trouxa do nada

Voando sob o deserto sem mangue

Velando às raízes profundas do sol

Deambulando, num cosmo quente e sem vida

Ò Deus, vagando chega o poente

De passos ocos e vazios

Dançando-se-me ao som do silêncio

E, às luzes de astros loucos

Mas rápido, que logo rompe-se

O sol, com o seu orvalho gaivotado

Erguendo-me cabeça, semi-vazia

De sonhos deschinelados.

Vanildo Muzime
Enviado por Vanildo Muzime em 01/10/2018
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