Foram-te tantos versos que escrevi inspirado

Foram-te tantos versos que escrevi inspirado

a respeito do gênio e da beleza lhana

que já nem sei que digo de novo da chama,

pois não deve haver chama contigo a meu lado.

Meu amor é chaleira com chá preparado,

ou então é a cama ao lençol redolente,

ou mesmo um simples beijo meu a ti, carente,

o qual sempre preciso e a que agradeço bem,

pensando em como é bom não ser de mais ninguém,

feliz por ter beijado uma mulher somente.

Meu amor não está nestes inúteis versos

incapazes de serem mais que fútil fala.

Ouvir tem sabor doce, mas não nos diz nada.

Há amor nos coloridos dos olhos impressos

quando os cinco sentidos em ti estão imersos

e me pergunto: "Faço o que me perguntando?"

O amor está distante do raciocinando,

o amor está distante da palavra "amar":

o amor está na gente que divide o ar

sem indagar quem vem do ar a si mais sugando.

Não digo que pretendo deixar de escrever,

pois o doce do ouvir é ainda doçura,

mas pretender dizer o que sinto é loucura,

então confesso cedo: a escrita é prazer.

O amor real está no sorrir e sofrer

de amor real, distante da declamação;

quero provar-te o amor que sinto com ação.

Mas se preso, à distância, só tenho a palavra

que, sendo nada, é mesmo assim mais do que nada,

então te darei nadas de meu coração:

Meu amor é chaleira com chá preparado,

ou então é a cama ao lençol redolente,

ou mesmo aquele beijo meu a ti, carente,

no parque da Água Branca, ao céu ensolarado.

Meu amor é o Amor a que fui condenado

quando mais que palavras me deste ao dizer

com palavras a vida que sonho em viver:

amor que não é chama, mas uma choupana

na qual vive um rapaz (eu) junto da (tu) dama

pensando em que farão à noite de comer.

8, 9, 15/10/2018

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 15/10/2018
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