Velado Amor

Oh, doce engano

Dissimulada negação,

Quem há de crer em tuas palavras?

Fecho os olhos

E passo os dias nesta eterna confusão.

Pois, forçado pelo orgulho

eu nego que te amo,

E que te quero mais que tudo,

E reluto ,solitário, contra o espelho da verdade.

Mas quando te vejo

Os meus olhos me entregam

E o coração desmente os lábios.

Tuas níveas mãos, parecem-me, atravessar o peito

E romper-me as correntes do silêncio e da alma.

Cai-me, então, este inútil disfarce

No sublime instante em que me tocas,

E em cada gesto meu

Em cada passo,

Revela-se a furiosa paixão

Que em mim reside

E as mentiras que eu jurei

E as verdades que eu menti.

Pois basta-me estar em tua presença

Que eu perco o pouco do juízo que me resta.

E sorrio sem perceber.

Diante de teu riso

Sinto-me tão distante deste mundo

E de mim mesmo,

Que as crianças zombam de minha inocência.

Meus sentidos se desgarram um a um,

Como ressequidas folhas

Em ventos de Outono,

A levar-me o ar da boca

E os impulsos do espírito.

Já não sinto mais o chão

Já não vejo mais o céu,

Creio estar vivendo em um sonho

Creio morrer de amor (...)

E em troca deste sonho, anseio a morte.

E em troca deste amor, desprezo a vida.

Marco Fabricio
Enviado por Marco Fabricio em 16/10/2018
Reeditado em 16/10/2018
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