Maré.
A maré está tão turbulenta.
Ainda assim, há peixes inertes
Uns peixes seguem a maré,
Enquanto, outros nadam contra.
Eles não sabem de que lado está o tubarão,
Confundem-se com sombras subaquáticas.
Pobres peixes que não sabem,
Muitos dos peixes que nadam contra o fluxo,
São os que sobreviveram da última leva,
A água antes turva de sangue
Agora, mesmo cristalina, muitos não enxergam.
Não conseguem ver as presas do tubarão,
Por mais que o tubarão pareça sempre sorrir.
E eu que tanto vejo e poderia falar,
Acabo por engasgar com o fluxo da maré.
Mesmo aqueles quem a maré não afeta
Logo o tubarão sentirá fome e a maré terá apaziguado.
Eu seguirei nadando contra a maré,
Até chegar em águas mais tranquilas.