Abandonado

É tanta a falta que te sinto,

que também me falto...

O dia parece inútil e nenhuma presença,

à minha volta,

compensa a tua ausência que me habita.

Há um vazio constante,

uma perda irreparável

toda vez que não te vejo.

Morro um pouco

nas auroras em que não te abraço,

nos ocasos em que não te beijo.

A noite é um navio abandonado

A naufragar em mim

onde me afogo de distância

enquanto grito teu nome às estrelas,

enquanto afundo na insônia

até o último lampejo de consciência

a debater-me nos lençóis

para uma vez mais morrer sem ti

até que o dia me recolha.